"Eu tinha 12 anos quando um segurança me fez levantar a camisa no supermercado", relata vítima de racismo
Foto: Victória Cavalcante/Mix de Noticias |
Nossa equipe de reportagem conversou com Lucas Santos de Sousa, jovem paraense de 22 anos que vive no Amazonas, que relatou que com apenas 12 anos foi seguido por um segurança dentro de um supermercado em São Paulo e obrigado a provar que não estava furtando.
"Já sofri racismo, no ano de 2012, quando estava em São Paulo. Um segurança de um supermercado, apenas por eu entrar no estabelecimento e sair sem levar nada, aí ele achou que eu estava cometendo algum roubo e várias pessoas estavam fazendo a mesma coisa, entrando e olhando os preços e saindo. Mas ele me parou, mandou eu levantar minha camisa para provar que eu não estava levando nada, me fez ficar um tempinho no supermercado até comprovar que eu não estava furtando a loja", contou o jovem.
Lucas afirma que a consciência negra não pode pode se limitar a uma data, mas precisa ser um tema diário debatido nos maiores espaços da sociedade.
"Na minha opinião, a consciência negra não deveria ser comemorada apenas um dia, fazer atos em apenas uma data comemorativa, mas sim o ano todinho, fazendo movimentações em questão sobre o racismo, e ações de conscientização nas escolas e no público em geral", pontuou.
Apesar do fim da escravidão que ocorreu em 1888, os estereótipos negros, e a desvalorização dos descendentes permeiam a sociedade brasileira, e na visão de Lucas, por mais que a diversidade esteja presente no país, o pensamento retrógrado cria diferenças entre cores e separação entre brancos e negros.
"O racismo no Brasil, acho que assim como em qualquer lugar do mundo, ele é muito presente porque por exemplo, no nosso país, foi formado praticamente por mão de obra escrava, e tem muita gente que ainda segue esse conceito antiquado de logo quando o Brasil foi fundado, de só quem realmente vale alguma coisa, são as pessoas brancas e não as pessoas de cor. O Brasil, mesmo sendo um país diversificado, com várias culturas e várias pessoas do mundo que estão aqui, tem muito dessa questão antiga", destacou.
De acordo com a Lei nº 7.716/1989, o crime de racismo é imprescritível e inafiançável, com pena de até cinco anos de reclusão, e Lucas acredita que uma vítima de racismo deve pela própria segurança, se amparar na Constituição e não tentar entrar em conflito com o criminoso.
"Se alguém, tá te olhando torto por causa da sua cor, ou te impedindo de fazer algo por causa da sua cor, segue em frente, não dê moral para pessoas racistas, eu sei que é difícil, mas não podemos dar atenção para esse tipo de gente, porque é o que eles querem, não devemos discutir ou debater, aconselho no caso de você sofrer racismo em loja ou alguém na rua, apenas tente gravar ou tirar fotos, e se possível conseguir o nome da pessoa, e abra um registro na delegacia, é a melhor coisa que podemos fazer, porque muitas das vezes a gente pode sofrer um ato violento, justamente por debater com alguém que não tem nem a capacidade de aceitar que todos são iguais, independente da cor ou raça".
*Victória Cavalcante - Mix de Notícias
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