Estudante que debochou de colega de 40 anos se diz alvo de ameaças de morte e desiste do curso
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Foto: Divulgação |
A UniSagrado confirmou ao Terra que as outras duas alunas envolvidas no caso, Beatriz Pontes e Bárbara Calixto, também solicitaram desistência da graduação em Biomedicina. Assim, o processo disciplinar instaurado pela instituição para investigar o caso foi finalizado.
Em comunicado divulgado nas redes sociais, Giovana Cassalatti relatou ter sofrido ameaças "de morte e agressão" devido a repercussão do caso, o que impende que ela, Beatriz e Bárbara "retomem suas vidas cotidianas".
"Os fatos ganharam tamanha proporção que as jovens passaram a ser alvo de ameaças de morte e agressão, o que lhes impede de retomar suas vidas cotidianas. Trata-se, pois, de sequelas infinitamente maiores às, supostamente, impelidas a quaisquer dos personagens envolvidos no caso. Neste ponto, é preciso destacar a força das redes sociais e seus influenciadores que, por não medirem a força de seus posicionamentos e colocações acabam por incentivar o linchamento virtual e por incitar grupos radicais à prática de agressões reais", afirmou em nota.
A jovem também irá tomar "medidas jurídicas contra aqueles que ofendem, agridem, disseminam informações falsas, criam perfis falsos em redes sociais e ameaçam a integridade física, em momento oportuno".
Relembre o caso
Na sexta-feira, 10, Giovana, Beatriz e Bárbara debocharam, em vídeo, de uma colega de classe pelo fato dela ter mais de 40 anos. A colega em questão era Patrícia Linares, de 45 anos, também caloura do 1º ano do curso de biomedicina na Unisagrado.
“Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”, diz uma das estudantes.. Logo depois, outra responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira que chega a dizer que a mulher “não sabe o que é Google”. O vídeo viralizou e já contém milhões de vizualizações nas redes sociais.
Após a repercussão, colegas de classe homenagearam Patrícia. Em nota divulgada na segunda-feira, 12, a UniSagrado repudiou "qualquer ato de preconceito e discriminação", relantando também que foram "tomadas as medidas administrativas necessárias que nos competem, para apuração disciplinar dos envolvidos, quanto aos fatos ocorridos em 09 de março de 2023, assegurando a todos seus direitos constitucionalmente previstos". Com a desistências das alunas, "o processo perdeu o objeto e por isso foi finalizado".
Nota na íntegra
"Giovana Cassalatti, universitária bauruense envolvida em caso de grande repercussão midiática na última semana, vem, por seu advogado, manifestar-se quanto ao ocorrido. Antes de tudo, cumpre esclarecer que o caso tomou proporções inimagináveis, pois inicialmente o fatídico vídeo foi publicado em rede social de uma das alunas e, apenas, para seus 15 (quinze) melhores amigos.
Logo, afirma-se que jamais objetivou-se atentar contra a imagem ou qualquer outro direito da personalidade pertencente à personagem alvo das falas contidas no vídeo, que, por sua vez, sequer teve seu nome citado. Ao contrário, um dos participantes do precitado grupo restrito da rede social utilizou-se do vídeo para lançá-lo na rede mundial de computadores, de maneira irrestrita, sem contexto e em prejuízo à imagem das integrantes do vídeo.
Ressalta-se que as falas podem ter repercussão no campo moral. Entretanto, a tentativa de criminalização e as suposições quanto à possíveis atos ilícitos no âmbito civil, amplamente veiculadas nos últimos dias, ultrapassam a medida do razoável.
Os fatos ganharam tamanha proporção que as jovens passaram a ser alvo de ameaças de morte e agressão, o que lhes impede de retomar suas vidas cotidianas. Trata-se, pois, de sequelas infinitamente maiores às, supostamente, impelidas a quaisquer dos personagens envolvidos no caso.
Neste ponto, é preciso destacar a força das redes sociais e seus influenciadores que, por não medirem a força de seus posicionamentos e colocações acabam por incentivar o linchamento virtual e por incitar grupos radicais à prática de agressões reais. Sobre o tema, informamos que as medidas jurídicas contra àqueles que ofendem, agridem, disseminam informações falsas, criam perfis falsos em redes sociais e ameaçam a integridade física da universitária serão tomadas em momento oportuno, pois o ambiente virtual não pode servir de escudo para a prática de crimes.
Tais questões, por óbvio, geraram repercussão na saúde mental da universitária, pois os valores morais recebidos de sua família são incompatíveis com o desejo de inferiorizar um semelhante, independentemente do que vem sendo veiculado. O preconceito - seja ele etário, racial, social, religioso, de gênero e todas as suas demais expressões - não faz parte dos valores disseminados pela estudante, de maneira que o episódio reforçará sua busca por posições que se coadunem com seus princípios éticos e morais em seu cotidiano.
Por fim, em que pese sabidamente complexo, o ocorrido não deve servir-se ao papel de oprimir, calar, envergonhar ou ameaçar jovens, cuja trajetória ainda se inicia. Inevitavelmente, durante a vida, lições serão aprendidas, entretanto a maneira de ensiná-las é uma escolha da sociedade em que vivemos."
Fonte: Terra
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