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Empresas de cannabis sentem o cheiro de oportunidade no Brasil

Foto: Reuters/Washington Alves
Empresas internacionais de maconha estão demonstrando interesse no Brasil, tanto por seu grande mercado consumidor de produtos medicinais quanto por uma proposta que poderia legalizar o plantio da cultura.

Grandes produtores como a Clever Leaves da Colômbia e a Canopy Growth do Canadá estão desenvolvendo e vendendo produtos de cannabis medicinal para um segmento de consumo brasileiro estimado em 10 milhões a 13 milhões de pessoas. Isso resulta de uma mudança regulatória de 2019 permitindo a importação, venda e fabricação desses produtos.

Mas a permissão para o cultivo de cânhamo e cannabis no Brasil seria um prêmio maior. Se concedida, o setor pode florescer em quatro a cinco anos, com base na experiência de outros países, como a Colômbia.

“Em 2025, gostaria de plantar cânhamo no interior de Pernambuco”, disse José Bacellar, fundador do VerdeMed do Canadá, referindo-se a um estado nordestino conhecido pelo cultivo ilegal de maconha.

Uma proposta que legalizaria o cultivo foi aprovada em junho por uma comissão parlamentar. Os legisladores estão avaliando se isso poderia ser encaminhado rapidamente ao Senado para aprovação. Se aprovado lá, o presidente Jair Bolsonaro teria que sancioná-lo.

Embora as posições de extrema direita de Bolsonaro possam parecer uma combinação improvável para o projeto, a proposta tem o apoio de alguns membros do poderoso setor agrícola, um eleitorado chave que o ajudou a vencer as eleições de 2018.

Vale do silicone de Cannabis
Na pacata cidade de Viçosa, no sudeste do Brasil - que alguns chamam de Vale do Silício da cannabis - os pesquisadores estão desenvolvendo uma variedade de cânhamo mais adequada aos trópicos.

Se a lei for alterada e a pesquisa for bem-sucedida, o Brasil pode se tornar um grande produtor de cannabis e cânhamo, dizem os especialistas.

Sérgio Rocha, diretor da startup ag-tech Adwa que está desenvolvendo a variedade de cânhamo para o Brasil, disse que cerca de 3 milhões de quilômetros quadrados (1,2 milhão de milhas quadradas) de terra seriam potencialmente adequados para o cultivo da nova variedade.

O Brasil pode ultrapassar a China, o maior produtor mundial de cânhamo, que tem cerca de 670 quilômetros quadrados (259 milhas quadradas) plantados.

“Usar uma parte das terras agrícolas do Brasil seria o suficiente para dar ao país o título de maior produtor e exportador mundial de fibras, sementes e flores de cânhamo para fins medicinais e industriais”, disse Dennys Zsolt, agrônomo especializado na planta.

O Brasil proíbe o cultivo de Cannabis sativa L, a planta que produz cânhamo e maconha. O cânhamo, que contém menos de 0,3% do composto psicoativo THC, contém CBD ou canabidiol. Este ingrediente não intoxicante foi considerado benéfico para muitas condições de saúde, incluindo epilepsia infantil.

Gabriela Cezar, presidente-executiva do banco de investimentos Panarea Partners, com sede em Nova York, vê o Brasil desempenhando um papel de liderança no cultivo do cânhamo na América Latina, uma região que ela chama de “epicentro da produção mundial de cânhamo”.O crescimento das fábricas no Brasil estabeleceria as bases para uma indústria verticalmente integrada. Uma fonte estável de matéria-prima apoiaria a fabricação de produtos de cannabis medicinal, o crescimento de um mercado de varejo e as exportações. A cannabis recreativa permaneceria ilegal.

A Panarea planeja formar uma empresa brasileira de cannabis com foco em produtos farmacêuticos para animais de estimação, ao mesmo tempo em que busca negociar mais negócios com cannabis no Brasil.

Vantagem tropical
Entre as vantagens do Brasil estão os menores custos de cultivo porque seu clima quente permite que as plantas cresçam ao ar livre em comparação com estufas em alguns países. Horas estáveis ​​de sol devido à proximidade do Brasil com o equador são outra vantagem.

A Canopy Growth está “monitorando ativamente o avanço das regulamentações do cânhamo no Brasil”, disse David Culver, vice-presidente de relações governamentais globais da empresa.

Mas nada é certo sem a mudança da lei brasileira, embora alguns sinais sugiram que as perspectivas são favoráveis. Quando Rocha falou a uma comissão parlamentar sobre o cânhamo em 2019, ele se surpreendeu com o fato de os legisladores conservadores não serem hostis.

“Depois de terminar de apresentar os mapas e o potencial do cânhamo, fui aplaudido”, disse ele.

Embora a bancada agrícola não tenha assumido uma posição formal, membros do grupo disseram que a maioria nas duas casas do Congresso apoia a proposta. O caucus agrícola controla um pouco menos da metade dos assentos nas duas câmaras, e a lei exige a aprovação por maioria simples.

O legislador de centro-direita Fausto Pinato, membro da bancada agrícola, disse que apóia o projeto. “Se você está autorizando a venda, por que não o cultivo?”, disse.

Fonte: Reuters

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