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Surto de H5N1 em mamíferos desperta receio de nova pandemia

 

Foto: Saúde Dica

O influenza H5N1 é um vírus, detectado pela primeira vez na China em 1996, que causa um tipo de gripe
aviária conhecida como HPAI (“influenza aviária de alta patogenicidade”, em inglês). Ele é facilmente
transmissível entre galinhas e outros tipos de ave, inclusive silvestres. Mas seu principal foco são as
fazendas de criação de frangos, que de tempos em tempos registram grandes ondas da doença.

Nos EUA, nada menos do que 58 milhões de aves foram infectadas nos últimos 12 meses – superando a segunda maior epidemia, que ocorreu em 2015 e matou 50,5 milhões delas.

As aves podem transmitir o vírus para humanos, mas isso não é comum: os casos de H5N1 em pessoas são
relativamente raros (houve 868 no mundo durante as últimas duas décadas), e costumam ocorrer em
pessoas que tiveram contato direto com aves infectadas. Não há, o mais importante, transmissão sustentada
entre humanos. Porém, no futuro, isso pode acontecer.

É o que sugere um estudo recém-publicado por cientistas europeus, que analisaram um surto de H5N1
numa fazenda de vison na Espanha. O vison (Neovison vison) é um mamífero que costuma ser criado para
uso em casacos de pele. Durante o surto, que ocorreu em outubro do ano passado, 51.986 visons mantidos
na fazenda tiveram de ser sacrificados para evitar a propagação do H5N1.

Os pesquisadores descobriram que o vírus havia sofrido oito mutações. Uma delas ocorreu em um gene
chamado PB2, e é a responsável por torná-lo mais transmissível entre mamíferos. Essa mesma mutação está
presente no vírus da gripe suína, o H1N1 – que causou uma pandemia em 2009, quando infectou 500 mil
pessoas e matou 20 mil.

Por isso, cientistas temem que o mesmo possa ocorrer agora – e o H5N1, turbinado com essa mutação,
possa começar a se espalhar entre humanos. “Isso é incrivelmente preocupante. É um claro mecanismo
para começar uma pandemia de H5”, disse o virologista inglês Tom Peacock, da Imperial College London, à
revista Science.

O H5N1 “clássico” é altamente letal em frangos e galinhas, levando à morte em 90% a 100% dos casos. Em
humanos, a taxa de mortalidade é de 53%: daqueles 868 casos registrados, 457 pessoas morreram.
Mas esse número quase certamente está superestimado, por duas razões. O pequeno número de casos (que
geralmente infla a letalidade de qualquer doença), e a alta “dose viral” inalada pelas vítimas – que
trabalhavam em fazendas com centenas de milhares de aves. Um estudo do governo canadense, que tentou
estimar a real letalidade do H5N1 em humanos, fala em 14% a 33%.

Porém, isso considera o H5N1 clássico. Em tese, a mutação que tornou o vírus mais transmissível também
pode afetar sua letalidade, para mais ou para menos. O surto nos visons da fazenda espanhola foi
descoberto porque eles começaram a morrer – mas, como os 50 mil animais foram rapidamente
sacrificados, não é possível calcular a real taxa de mortalidade da doença.

Existem vacinas contra o H5N1, tanto para uso em aves quanto em humanos. Há pelo menos oito delas, que
foram desenvolvidas ao longo dos últimos 15 anos e autorizadas na Europa, nos EUA e em outros países.
Elas se baseiam em cepas antigas, e talvez precisassem ser reformuladas para enfrentar uma pandemia
causada pela nova variante do vírus – mas não necessariamente.




Fonte: Super Interessante

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