"Nunca vivi nada parecido. Foi uma experiência horrorosa", diz jovem que denunciou racismo após ser expulso de shopping - Mix de Notícias

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"Nunca vivi nada parecido. Foi uma experiência horrorosa", diz jovem que denunciou racismo após ser expulso de shopping

Foto:  TV Verdes Mares/Reprodução

Tomas Michael Silva Adewoye que denunciou o Shopping Benfica, localizado em Fortaleza, Ceará, por crime de racismo, após ser retirado de forma violenta do estabelecimento no último sábado, dia 13, negou que tenha filmado mulheres sem o consentimento e afirmou que estava sendo seguido desde que entrou no local. As declarações foram concedidas durante entrevista ao O Globo.

"Eles não têm provas, porque eu realmente não fiz nada. Eu não iria puxar algo que possa me prejudicar, se eu estivesse errado. Mas eu estou 200% certo, não olhei pra ninguém, não mexi com ninguém. Só estava bebendo um chopp e tinham três seguranças atrás de mim, me seguindo. É a primeira vez que eu fui no shopping, estava olhando o ambiente, vendo a música ao vivo. Eu não filmei ninguém. Meus amigos estavam filmando o ambiente para postar nas redes sociais, algo normal", disse. 

Imagens gravadas por testemunhas que estavam no local mostram o momento em que os seguranças do shopping retiram Tomas do estabelecimento à força pelo pescoço. Neste instante, o jovem afirma novamente não ter feito nada.

"Nunca vivi nada parecido. Foi uma experiência horrorosa, um sentimento indescritível. Tá todo mundo (da família) arrasado, um clima pesado. São sequelas físicas e psicológicas, só consigo chorar o dia todo, é inacreditável. Nós sempre vemos na televisão, mas nunca pensei que ia acontecer comigo. Mas vou com a denúncia até o fim. Não é por dinheiro, não é por nada, é por Justiça. Se eu puder processar até a polícia, eu vou. Foi preconceito dos seguranças, do shopping, da polícia", relatou.

Tomas, que mora em São Paulo e trabalha na área de vendas, registrou um boletim de ocorrência (BO) após o incidente e afirmou estar em contato com 4 pessoas que estavam presentes no local e estão dispostas a testemunhar. 

Entenda caso

Tomas disse que estava com amigos na praça de alimentação do shopping quando foi abordado por seguranças do local. Ele relatou que, desde o momento em que chegou no shopping, notou que os seguranças seguiram ele e os 2 amigos.

“Eu fui pro shopping para passar a tarde com dois amigos. Minha mãe e as esposas deles estavam também, só que no andar debaixo fazendo compras. Desde que a gente chegou no shopping nós três [ele e os amigos], os seguranças estavam atrás de nós, acompanhando até o banheiro, praça de alimentação. Eu gravei tudo”, explicou ao O Globo. 

Em nota, o Shopping Benfica disse que o homem estaria fazendo gravações de mulheres, que se sentiram incomodadas. “Uma senhora, em mesa próxima, percebeu que ele estaria gravando as filhas dela e também pediu ajuda à segurança para que ele parasse. O supervisor de segurança dirigiu-se à mesa dos clientes para conversar e relatar o que disseram. O cliente não gostou, exaltou-se e agrediu o supervisor”, informou o estabelecimento em comunicado.  

De acordo com a administração do shopping, Tomas não teria gostado da reclamação, e agrediu o supervisor do estabelecimento.

"A primeira agressão foi verbal e, logo após, física. Depois deste momento, quando houve flagrante exaltação e agressões por parte do cliente, e identificando que a ocasião poderia tomar proporção maior e colocar em risco os demais presentes no espaço, a segurança precisou intervir e tomou a medida de levá-lo da praça de alimentação para a saída e chamou a polícia militar para administrar a situação", comunicou a nota.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará confirmou a abertura do BO e informou que o caso foi encaminhado à Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrin), que dará continuidade às investigações.'

*Terra

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