Presidente do INSS é afastado após operação que apura desvio de R$ 6,3 bi
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© Rafa Neddermeyer/Agência Brasil |
O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, assim como outros integrantes do alto escalão do órgão, foram afastados do cargo por suspeita de crimes, segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Procurado, Stefanutto ainda não se manifestou.
Nesta quarta-feira, 23, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sem Desconto, para investigar desvios de R$ 6,3 bilhões em benefícios pagos a aposentados e pensionistas.
Segundo Lewandowski, foram apreendidos na operação carros, joias e quadros, além de dinheiro em espécie de "alto valor".
"Por determinação judicial, foram afastados cautelarmente, por suspeita de envolvimento nesses crimes, que são vários, o presidente do INSS, o diretor de Benefícios de Relacionamento com cidadão, procurador-geral junto ao INSS, o coordenador geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente, o coordenador geral de Pagamentos e Benefícios. Foram apreendidos muitos bens, carros de luxo de alto valor, dinheiro em espécie, joias e quadros", afirmou.
Indicação de presidente do INSS é de minha inteira responsabilidade, diz Lupi
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que fez a indicação de Stefanutto, afirmou que ele permanece afastado do cargo e que um interino será nomeado até o término das investigações.
"A indicação é da minha inteira responsabilidade, ele (Stefanutto) é procurador da república, servidor que tem me dado todas as demonstrações de ser exemplar, fez parte do grupo de transição. Vamos, no processo, esperar as investigações em curso. Temos que cumprir a decisão da Justiça, de afastamento. Vamos aguardar o desfecho, com os cuidados devidos, para garantir o amplo e total direito de defesa", afirmou.
Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o pedido foi feito pela própria entidade, e aceito pela Justiça. Ele apontou que não houve medidas efetivas para o fim das fraudes, apesar de todas as denúncias.
"O afastamento foi solicitado pela Polícia Federal, durante inquérito instaurado em junho de 2024. Durante esse período houve a investigação. A Justiça entendeu pelo afastamento. Houve notícias da imprensa, no final de 2023, análise do TCU, ações da CGU, reportando as sucessivas fraudes, e houve continuidade sem que houvesse ações mais efetivas no sentido contrário. Tudo isso levou ao afastamento não só do presidente, mas dos servidores citados", afirmou.
A suspeita da PF é de que R$ 6,3 bilhões tenham sido descontados de forma irregular, desde 2016. Segundo o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Marques de Carvalho, contudo, uma pequena parte desse valor pode ter sido autorizado pelos beneficiários. Ele explicou que foram feitas análises, de forma aleatória, em 1.300 aposentadorias e pensões, que haviam sido descontados, e 97% deles não haviam autorizados.
"Não é 100% de desconto ilegal, sobre o valor de R$ 6,3 bilhões. A amostra que fizemos deu 97%, de pessoas que não estavam de acordo com isso. Fizemos essa amostragem. Mas dá para dizer com tranquilidade que a maioria deles não tinha autorizado", afirmou Carvalho.
Valores descontados
(aposentados e pensionistas do INSS, em R$ milhões)
413
460
617
604
510
536
706
1.299
2.848

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