Ambiente social e estilo de vida podem sabotar o emagrecimento, alerta endocrinologista
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Foto: Envato |
No Brasil, os números também preocupam. Em 13 anos, a prevalência da obesidade cresceu 72%, passando de 11,8% da população em 2006 para 20,3% em 2019. No Amazonas, os dados são ainda mais alarmantes: 25,7% das mulheres e 21% dos homens estão obesos.
Diante deste cenário, a endocrinologista Milene Guirado reforça que o processo de emagrecimento vai muito além de dietas e exercícios físicos. O ambiente em que a pessoa está inserida — incluindo os aspectos físicos, sociais e emocionais — exerce influência direta sobre suas escolhas alimentares e pode, muitas vezes, sabotar o progresso.
Influência do ambiente vai além do espaço físico
“Ao falarmos em ‘ambiente’, não nos referimos apenas ao espaço físico, mas ao conjunto de estímulos e hábitos que cercam a pessoa”, destaca Guirado. Segundo ela, mesmo em lugares propícios à atividade física, como parques, a influência de amigos e familiares que mantêm comportamentos alimentares inadequados pode prejudicar quem tenta mudar seu estilo de vida.
Pressão social e familiar: um obstáculo invisível
Entre os maiores vilões do emagrecimento estão os convites frequentes para festas, rodízios e happy hours. “Essa pressão social expõe a pessoa a um consumo excessivo de calorias. E dentro de casa, a falta de apoio também pode dificultar o processo, especialmente quando os demais moradores continuam comprando alimentos ultraprocessados como bolachas, salgadinhos e refrigerantes”, explica a endocrinologista.
Ela reforça que o ideal é que todos colaborem. “Mesmo que nem todos estejam no processo de reeducação alimentar, o apoio mútuo faz a diferença”.
Desorganização e alimentação impulsiva: o perigo mora na pressa
A falta de planejamento diário é outro fator que favorece escolhas impulsivas, como pedir comida por aplicativo após um dia cansativo. “Se você chega em casa e não tem nada pronto, é natural recorrer a soluções rápidas, mesmo que não saudáveis”, pontua Milene Guirado.
Ela também chama atenção para os estímulos em supermercados e restaurantes. “Doces são estrategicamente posicionados nos caixas. Já em buffets, a variedade pode levar ao exagero. É preciso desenvolver autocontrole”, alerta.
Estresse e o apetite desregulado
O estresse diário, especialmente no ambiente de trabalho, também interfere diretamente na perda de peso. A liberação de cortisol aumenta o apetite e favorece o acúmulo de gordura abdominal. “Ao chegar em casa estressado, a tendência é escolher o alimento mais calórico à vista, como um bolo. E isso tem uma explicação fisiológica: o estresse altera nossos mecanismos hormonais”, explica Guirado.
Ambiente digital: um novo sabotador
O fácil acesso a alimentos por aplicativos e a constante exposição a conteúdos alimentares nas redes sociais também são apontados como obstáculos silenciosos. “A praticidade de pedir algo pronto, aliada à exaustão do dia, faz com que a alimentação saudável seja deixada de lado”, observa.
Como tornar o ambiente um aliado do emagrecimento
A endocrinologista recomenda medidas práticas para adaptar o ambiente ao processo de emagrecimento:
- Evite armazenar alimentos ultraprocessados em casa.
- Mantenha frutas e lanches saudáveis visíveis e de fácil acesso.
- Planeje as refeições com antecedência.
- Crie uma rede de apoio com pessoas que compartilhem ou respeitem seus objetivos.
“Se for a uma festa, alimente-se antes com uma refeição leve e rica em proteínas. Isso ajuda a evitar exageros. E, se acabar comendo algo mais calórico, tudo bem. O importante é não transformar isso em rotina”, orienta.
Como se controlar nas festas juninas
Para quem deseja aproveitar as festas de junho sem sair do foco, a dica é simples: não vá em jejum, mantenha-se bem hidratado e faça uma refeição rica em proteínas antes de sair. Durante o evento, evite repetir os pratos e, no dia seguinte, retome sua rotina normalmente.
“É perfeitamente possível curtir e continuar no processo de emagrecimento. O segredo está no equilíbrio. O corpo lida bem com um dia fora da rotina, desde que isso não se torne hábito”, finaliza Milene Guirado.
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