Morre Rita Lee, a rainha do Rock, aos 75 anos - Mix de Notícias

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Morre Rita Lee, a rainha do Rock, aos 75 anos

 

Imagem: Reprodução

Morreu aos 75 anos a cantora, compositora e escritora Rita Lee, a eterna Rainha do Rock. A informação foi divulgada no perfil oficial da artista no Instagram e também na página de seu marido, Roberto de Carvalho.

No comunicado oficial, a família afirma que Rita Lee morreu nesta segunda-feira (8) em sua casa, em São Paulo, "cercada de todo o amor da família, como sempre desejou". O velório será nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h, e será aberto ao público.

"Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no fim da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou.

O velório será aberto ao público, no Planetário do parque Ibirapuera, na quarta-feira, dia 10, das 10h às 17h. De acordo com a vontade de Rita, seu corpo será cremado. A cerimônia será particular.

Nesse momento de profunda tristeza, a família agrade o carinho e o amor de todos."

Rita Lee, a eterna rainha do rock

Nascida no dia 31 de dezembro de 1947 em São Paulo, Rita Lee Jones de Carvalho é filha de Charles Fenley Jones, um dentista descendente de imigrantes norte-americanos, e de Romilda Padula, filha de imigrantes italianos. Caçula de duas irmãs e transgressora desde que se lembra, ela cresceu na Vila Mariana, bairro da zona centro-sul de São Paulo que considerou especial durante toda a sua vida, e onde morou até o nascimento do primeiro filho, Beto Lee.

Durante a infância, Rita teve aulas de piano, mas não pensava em seguir a carreira musical. Os dotes artísticos, embora já existentes, a levaram a querer ser atriz. Durante um período, chegou a cursar Comunicação Social na USP, mas abandonou a faculdade para seguir sua paixão pela música.

O interesse pela música surgiu na adolescência, quando descobriu Elvis Presley, Rolling Stones, os Beatles entre outros. Começou a se apresentar em clubes locais junto a amigos. Com canções com referências que variavam entre Paul Anka, Maysa, Carmen Miranda e Cauby Peixoto, Rita fez parte de vários grupos musicais amadores, até que, eventualmente, chegou a um sexteto musical chamado justamente "Os Seis". Com a saída de três integrantes, sobraram Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Era o início do emblemático "Os Mutantes".

Rita ficou com "Os Mutantes" durante seis anos, período mais psicodélico de sua carreira, em que seis álbuns foram gravados. A banda acompanhou Gilberto Gil na apresentação no III Festival de Música Popular Brasileira, fez parte do disco-manifesto "Tropicália ou Panis et Circensis" e deu origem a algumas das canções mais simbólicas e importantes da música brasileira, como "Ando Meio Desligado", "A Minha Menina" e "Balada do Louco", por exemplo.

A expulsão dos Mutantes veio junto ao fim de seu casamento com Arnaldo Baptista, que durou entre 1968 e 1972. Neste período, ela já havia gravado alguns discos de forma solo, com composições em parceria com os companheiros de banda e composições exclusivas e individuais.

"Rainha do Rock"

Após a saída dos Mutantes, Rita tentou brevemente fazer uma dupla com a amiga Lúcia Turnbull. A recepção morna na única apresentação ao vivo fez Rita decidir que precisava de uma banda para acompanhá-la, e foi assim que ela chegou até a banda Tutti Frutti, liderada pelo guitarrista Luis Sérgio Carlini.

Rebatizada após um show montado para o relançamento da carreira da cantora, em 1973, a banda foi lançada com o nome Rita Lee & Tutti Frutti, por sugestão da gravadora, e acompanharia os anos de consagração do lugar de Rita no cenário do rock brasileiro.

Sucessos como "Ovelha Negra", "Agora Só Falta Você", "Esse Tal de Roque Enrow" e "Jardins da Babilônia" são deste período da carreira de Rita. Ao todo, foram quatro álbuns de estúdio ("Atrás do Porto Tem uma Cidade", "Fruto Proibido", "Entradas e Bandeiras" e "Babilônia"), além de dois álbuns ao vivo, incluindo "Refestança", com Gilberto Gil.

Casamento com Roberto de Carvalho

Rita conheceu o também músico Roberto de Carvalho por volta de 1976, e iniciou com ele uma parceria que perdurou até o fim de sua vida. Os dois foram morar juntos e, grávida do primeiro filho, Rita foi presa por porte de maconha. Ao fim da prisão, com Rita irritada com o cenário musical brasileiro e o "Clube do Bolinha", saiu com Gilberto Gil na turnê Refestança.

Em 1977, deu à luz Beto Lee. Em 1979 nasceu seu segundo filho, João. Em 1981, nasceu o terceiro, Antônio.

A união com Roberto de Carvalho foi da intimidade aos palcos, e os dois passaram a se apresentar juntos no período considerado o mais "pop" da carreira de Rita — tanto no sentido musical da palavra, com um ritmo mais diverso, quanto em termos de popularidade. Foi no álbum de 1979 que vieram sucessos como "Mania de Você", "Doce Vampiro" e "Chega Mais".

Foi também desta fase que vieram os hits "Lança Perfume", "Orra Meu", e "Baila Comigo". Neste período, Rita se aproximou bastante da TV, participou de especiais para a Globo e afastou-se do que considerou atitudes radicais do rock e da MPB.

A reinvenção é uma marca forte da carreira de Rita. Durante as décadas de auge de sucesso, ela foi considerada uma figura essencial em termos de inovação musical, o que permanece até os dias de hoje.

Com a passagem dos anos e a transformação dos projetos, Rita não ficou estagnada em um único gênero, e mostrou uma versatilidade ímpar. Do rock à bossa nova e ao pop, a artista flertou com a new wave, a MPB e ritmos eletrônicos, com a capacidade de se reinventar e mesclar gêneros nacionais e estrangeiros de forma poucas vezes vista no mundo da música.

Sua importância vai além dos palcos, e a posição de prestígio que tem como uma das precursoras do rock nacional, sobretudo do ponto de vista de uma figura feminina que "invadiu" um ambiente dominado por homens, a tornou uma das mulheres mais influentes na música e na cultura brasileiras. Pioneira no uso de sintetizadores em músicas com Os Mutantes, ela se tornou referência para mulheres que vieram a usar guitarra no palco a partir dos anos 1970.

Vida boêmia e cuidados com a saúde

Além da prisão por porte de maconha, que segundo a própria Rita teria sido plantada pela polícia na época da Ditadura Militar, a cantora costumava voltar para os vícios em drogas e álcool, e nunca escondeu este período de sua vida. Ela passou por internações em clínicas de reabilitação e, em sua autobiografia, declarou que as bebidas eram o maior pesadelo: "Não havia mais espaço para cannabis, meu negócio era destilado. O melhor de tudo, ou pior, é que álcool era legalizado."

Em entrevista concedida ao Conversa com Bial em 2017, Rita contou que estava limpa há 11 anos, e que tomou a decisão de se afastar dos vícios com o nascimento de sua primeira neta, Izabella.

"Estou limpa há 11 anos, desde que minha neta nasceu. Canalizei minha energia e estou achando muito louco esse negócio de ser careta," disse. "Atitude rock é cuidar da minha horta, dos tomatinhos, da alface, da couve, do rabanete. Lá em casa, eu cuido dos bichos e da faxina. O Roberto cuida das plantas e é o cozinheiro."

Longe da agitação

Rita Lee se aposentou dos palcos em 2012, mas, segundo ela mesma, jamais se aposentaria da música. "Aposento-me de shows, da música nunca. Quem me viu ontem pode bem atestar minha fragilidade física. Saio de cena absolutamente paixonadacocês."

Desde então, Rita passou a morar com Roberto de Carvalho em um sítio no interior de São Paulo.

Sou uma profissional [da quarentena]. E, de repente, me vi envelhecendo. E o envelhecer para mim foi uma surpresa, porque eu nunca fui velha na vida. Fiquei com vontade de viver minha velhice afastada dos palcos. Não d

Descoberta do câncer

O câncer que acometeu o pulmão esquerdo da cantora foi descoberto em maio de 2021, durante exames de rotina. Em abril de 2022, familiares divulgaram a notícia de que ela estava curada.

Rita Lee deixa o marido, Roberto de Carvalho, os três filhos, Beto, João e Antônio, e quatro netos.





Fonte: Bol/Uol

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