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Estranho sinal de rádio intermitente do espaço intriga astrônomos

A Via Láctea tem até 400 bilhões de estrelas — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY
Quando nós astrônomos voltamos nossos radiotelescópios para o espaço, às vezes detectamos “explosões” esporádicas de sinais de rádio originárias das profundezas do Universo. Nós as chamamos de “sinais transientes de rádio”: algumas irrompem apenas uma vez, para nunca mais serem vistas, enquanto outras “piscam” em padrões previsíveis.

Acreditamos que a maioria dos sinais transientes de rádio vem de estrelas de nêutrons em rotação conhecidas como pulsares, que emitem flashes regulares de ondas de rádio, como faróis cósmicos. Normalmente, essas estrelas de nêutrons giram em velocidades incríveis, levando apenas alguns segundos ou até mesmo uma fração de segundo para completar cada rotação.

Recentemente, descobrimos um transiente de rádio que não se parece com nada que os astrônomos tenham visto antes.

Além de ter um ciclo de quase uma hora de duração (o mais longo já visto), ao longo de várias observações vimos que às vezes ele emitia flashes longos e brilhantes, às vezes pulsos rápidos e fracos e, às vezes, nada.

Não conseguimos explicar o que está acontecendo aqui. O mais provável é que seja uma estrela de nêutrons muito incomum, mas não podemos descartar outras possibilidades. Nossa pesquisa foi publicada na revista Nature Astronomy.

Um achado de sorte

Conheça a ASKAP J1935+2148 (os números no nome indicam sua localização no céu). Esse transiente de rádio periódico foi descoberto com o uso do radiotelescópio ASKAP da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) em Wajarri Yamaji Country, no interior da Austrália Ocidental.

Este radiotelescópio tem um campo de visão muito amplo, o que significa que ele pode pesquisar grandes extensões do Universo muito rapidamente. Isso o torna muito adequado para detectar fenômenos novos e exóticos.

Usando o ASKAP, estávamos monitorando simultaneamente uma fonte de raios gama e procurando pulsos de uma explosão rápida de rádio, quando detectamos o ASKAP J1935+2148 piscando lentamente nos dados.

O sinal chamou a atenção porque era composto de ondas de rádio “circularmente polarizadas”, o que significa que a direção das ondas gira como em torno de um saca-rolhas à medida que o sinal viaja pelo espaço.

Nossos olhos não conseguem diferenciar entre a luz circularmente polarizada e a luz comum não polarizada. Entretanto, o ASKAP funciona como um par de óculos de sol polarizadores, filtrando o brilho de milhares de fontes comuns.

Após a detecção inicial, realizamos outras observações durante vários meses usando o ASKAP e também o radiotelescópio MeerKAT, mais sensível, na África do Sul.

*G1

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